VEJA 5 - O discurso do ódio perdeu
Por André Petry:
Elie Wiesel tem 80 anos, 58 quilos e 1,73 metro de altura. É franzino. Diz estar cansado e sentir o peso da idade. Quando abre a boca, é um gigante que fala. Sobreviveu à prisão em dois campos de concentração nazistas. Perdeu a mãe e a irmã em Auschwitz. Viu o pai morrer em Buchenwald. Decidiu que sua missão seria não deixar morrer a verdade sobre o holocausto dos judeus. Escreveu cinquenta livros, tornou-se um humanista, um porta-voz da tolerância, e ganhou o Nobel da Paz em 1986. Há pouco, estava em Genebra, protestando contra a presença do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, na conferência sobre racismo da ONU. Passou por Nova York, onde mora (e onde perdeu todas as suas economias de meio século de trabalho, cerca de 13 milhões de dólares, pelas mãos do maior golpista de Wall Street, Bernie Madoff), e em seguida foi a Paris para dar mais uma palestra. Viajou feliz ao saber que Ahmadinejad cancelara sua visita ao Brasil. Antes de embarcar, falou a VEJA.
O cancelamento da visita do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, é um bom sinal?
Sem dúvida. Seja qual for o motivo real do cancelamento da visita, é uma vitória da democracia e dos direitos humanos sobre o discurso do ódio. Ahmadinejad não merece visitar nenhuma sociedade civilizada, democrática. Como gesto político, o convite que o governo brasileiro lhe fez pode ter suas razões, mas é um grande erro do ponto de vista moral. Convidar alguém para ir a sua casa equivale a prestar-lhe uma homenagem, e Ahmadinejad simplesmente não merece ser homenageado.
Mesmo o Brasil mantendo relações diplomáticas regulares com o Irã e ele sendo o representante do povo iraniano?
Até no mais alto nível da política e das relações internacionais há limites. Ahmadinejad foi além dos limites. Ele não só nega o holocausto judeu. Ele já disse que quer destruir o estado de Israel. Essa mensagem não pode ser aceita em lugar nenhum.
A diplomacia brasileira diz que seria pior deixar Ahmadinejad isolado. Faz sentido?
Só para quem não aprendeu com a história. Antes da II Guerra, os países democráticos achavam que seria pior isolar Hitler e selaram o Acordo de Munique (tratado de 1938 no qual a França e a Inglaterra, junto com a Itália, entregaram um pedaço da então Checoslováquia à Alemanha de Hitler, na ilusão de que a concessão evitaria a guerra). Como se sabe, foi um desastre. Essa abordagem, tanto naquela época como hoje, é um desastre moral, político e estratégico. Não comparo ninguém a Hitler, mas Ahmadinejad não merece confiança, fé política, respeito.
COMENTO:
É preciso entender a mentalidade do outro para saber como agir em relação as suas atitudes.
Convidar o Presidente do Irã a visitar um país é para ele uma aprovação ao seu governo.É dar carta branca para sua política.Para ele o convite é entendido como uma aprovação aos seus atos.
Quando Israel se retirou do Líbano e de Gaza, para o Hezbolah e Hamas, não foi um gesto de testar a paz e sim de derrota.Acharam que poderiam continuar com sua política de agressão contando com a ajuda da mídia altamente parcial a seu favor.
Chamar para conversar, significa para eles, uma capitulação do Ocidente e até agora qual foi o resultado do convite do Presidente dos Estados Unidos?Tudo continua igual.
É preciso conhecer o inimigo em todas as suas entranhas para derrota-lo.É preciso entender que a cultura deles não é a mesma que a nossa.Pensar que é igual é um convite a derrota por atitudes equivocadas.
sábado, 9 de maio de 2009
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