artigo retirado de http://oglobo.globo.com/pais/noblat/
Fomos reprovados mais uma vez
Sistematicamente o governo federal e os organismos internacionais divulgam relatórios sobre a precariedade do sistema educacional brasileiro.
Normalmente os indicadores negativos deixam de ser notícia no dia seguinte sem que nenhum movimento da chamada “sociedade organizada” tome as dores da tragédia.
Na semana passada, não foi diferente. Duas péssimas notícias mostraram que o País não consegue fazer o dever de casa e tem capacidade de piorar ao longo do tempo.
A primeira diz respeito aos resultados do Plano Nacional de Educação. Dez anos depois de lançado, o sistema aferiu que apesar dos mundos e fundos que dois governos (FHC e Lula) declararam ter investido no setor não conseguimos atingir as metas estabelecidas para aprimorar a qualidade da educação no Brasil.
O objetivo de reduzir índice de reprovação faliu já que a taxa de repetência se manteve estacionada. A evasão escolar aumentou ao invés de cair, como fora prometido.
O Plano tinha a missão de chegar em 2010 com 30% dos estudantes universitários dentro da faixa etária apropriada para o grau de instrução. Não conseguiu também e somente 14% se encontram dentro da meta.
Outro objetivo era o de alcançar neste ano uma taxa de 4% da população em situação de analfabetismo. Estamos seis pontos percentuais acima e ainda assim se trata de um indicador duvidoso. No Brasil, nem mesmo 12 anos de escolaridade no sistema público de ensino implicam em alfabetização plena.
A segunda notícia negativa que tem bastante relação com o setor educacional e diz respeito à queda do Brasil no Indicador de Inovação Global.
Caímos 18 posições em 2009. Entre 132 países onde o índice é medido, ficamos em 68º lugar. Na América Latina existem seis nações à nossa frente, como Costa Rica, Chile e Uruguai.
O estudo é publicado pela instituição europeia The Business School for the World em conjunto com a Confederação das Indústrias da Índia e conta com 60 parâmetros para medir o grau de inovação de cada país.
No relatório há um capítulo dedicado exclusivamente ao Brasil onde há elogios ao nosso desempenho nos setores de agricultura tropical, biotecnologia e energia renovável.
São consideradas como vantagens competitivas o fato de atuarmos com pioneirismo na extração de petróleo em águas profundas e termos capacidade no desenvolvimento de submarinos, além da construção de aeronaves e participação no clube que realiza pesquisas aeroespaciais.
Nossos defeitos apresentados pelo relatório são os de sempre: pobreza do sistema de educação básica, baixo investimento em Pesquisa & Desenvolvimento, corrupção, indicadores precários de infraestrutura e por aí vai.
O estudo é ainda complacente com o Brasil e acredita nos dados do governo segundo os quais vamos investir nos próximos dez anos, por meio do PAC, R$ 41 bilhões em ciência e inovação tecnológica.
Basta verificar o detalhamento dos 60 parâmetros de composição do indicador para observar a medida do nosso atraso no setor.
Quando é aferida a qualidade do nosso sistema de educação, o Brasil em relação aos outros 132 países cai para a 102ª posição. No quesito referente à situação regulatória caímos para o 96º lugar.
No geral temos uma boa avaliação quanto à capacidade de inovação, graças aos setores de avanço acima mencionados, mas estamos no 67º posto quando o critério é o número de patentes registradas e ficamos definitivamente mal na fotografia no que se refere à proteção da propriedade intelectual e nas condições proporcionadas pelas instituições públicas para a realização de negócios.
O estudo mostra que estamos na 57ª posição no que se refere aos investimentos em educação, o que demonstra uma disparidade quando é aferido o nosso desempenho no setor. Como tenho insistido, não é por falta de dinheiro que a educação brasileira só nos traz más notícias. O problema é de gerenciamento.
Se não houver alteração do modelo, especialmente do sistema básico de ensino, não adianta estabelecer qualquer meta, pois vamos continuar a receber notas vermelhas aqui e alhures.
Demóstenes Torres é procurador de Justiça e senador (DEM-GO)
COMENTO:
Não há desenvolvimento sem educação de qualidade.
É preciso uma reforma profunda no sistema educacional abrangendo mudança de conteúdo programático e melhoria da qualidade dos recursos humanos e materiais.
O problema é que no Brasil vale a máxima:Nada está tão ruim que não possa piorar.
quinta-feira, 11 de março de 2010
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Olá James, tudo bem?
ResponderExcluirVejo que além de reproduzir os textos que acha interessante na mídia você tem o hábito de deixar o seu comentário no final do texto. Muito legal isso, agrega valor à mera reprodução e diz o que vc pensa.
Vi que você linka o Instituo Millenium em seu blogroll, gostaria de falar a respeito. Qual é o seu e-mail? Vamos conversar? Escreva-me: anita@institutomillenium.org
Abraço,