Quais foram, ao longo de todo o processo, a tese, a postura, os atos e medidas dos árabes e dos palestinos em relação a Israel? Quais seus objetivos e estratégias?
Os árabes como um todo (durante a maior parte de duração do conflito, os palestinos têm sido uma minoria sem muita expressão na política árabe) foram resgatando seus vários Estados nacionais das potências colonialistas que dominavam o Oriente Médio e o Norte da África. No início desse processo, alguns poucos líderes árabes chegaram a admitir a convivência com a realização nacional judaica em Eretz Israel (o Emir Feisal entendeu-se sobre isso, por escrito, com o então presidente da Organização Sionista, Chaim Weizmann).
Mas a condição para essa convivência era a aceitação, por parte das principais potências coloniais, Inglaterra e França, das reivindicações árabes. Alegando não terem sido atendidas suas exigências por essas potências, os árabes que ainda mantinham algum diálogo com os judeus abandonaram sua postura conciliatória para com o ideal nacional judaico.
A partir de então, a oposição consolidou-se em rejeição, depois ódio, depois ataques e pogroms, e na recusa programática de qualquer conciliação do nacionalismo árabe com o judaico na Palestina. Todo o conflito árabe-judaico no Oriente Médio nunca teve como causa a recusa judaica de aceitar um Estado árabe palestino. Isso foi aceito pelos judeus (1) em 1922, quando a Inglaterra entregou toda a Transjordânia à família haxemita de Abdallah, bisavô do atual rei da Jordânia; (2) em 1937, quando a Comissão Peel propôs a partilha entre árabes e judeus do que restara da Palestina (a oeste do Jordão) após a cessão de sua parte maior a Abdallah; (3) em 1947, quando a ONU decidiu pela partilha; (4) nas propostas aventadas por Rabin e Peres no processo de Oslo, a partir de 1993; e (5) em 2000, quando o primeiro-ministro de Israel, Ehud Barak, aceitou todas as condições que poderiam levar ao estabelecimento do Estado palestino em Gaza e na Judéia e Samaria. O conflito existe porque os árabes em geral, e os árabes palestinos em particular, não se satisfaziam com a instalação de um Estado Árabe-Palestino, mas tinham como objetivo a eliminação do Estado judeu.
Nas negociações de Camp David, no ano 2000, o então primeiro-ministro Ehud Barak ofereceu aos palestinos até mesmo um regime especial para Jerusalém, que lhes permitiria estabelecer ali sua capital.
Por isso, os exércitos de cinco países árabes invadiram o recém-proclamado Estado de Israel em 1948. Por isso, a partir do armistício, os árabes seguiram uma política de antagonismo, boicote e sabotagem a Israel. Por isso, criaram-se organizações terroristas para "libertar" a Palestina, organizações que praticaram o terror durante dezenas de anos (atentados e assassinatos de civis, inclusive mulheres e crianças, seqüestros de aviões, carros-bomba, etc). Por isso, os árabes fundaram em 1964 uma Organização para a Libertação da Palestina (libertação da existência de um Estado judeu, pois as terras destinadas ao Estado árabe estavam em mãos árabes: a Jordânia anexara a Cisjordânia e o Egito a Faixa de Gaza). Por isso, os árabes não criaram nenhum Estado palestino nas terras que permaneceram árabes, mantendo os refugiados em penúria e educando-os no ódio a Israel, como forma de pressão, enquanto os israelenses absorviam, como cidadãos plenos, os refugiados judeus expulsos de terras árabes, tão numerosos quanto aqueles (cerca de 700.000).
Toda essa postura teve expressão oficial na Carta Palestina de 1964, antes, portanto, da ocupação da Cisjordânia e de Gaza por Israel na Guerra de 1967. Nela se declarava oficialmente que o objetivo estratégico era a liquidação de Israel e a expulsão ou o aniquilamento de todo judeu que lá tivesse chegado depois de 1917. Assim, a esperança de um futuro pacífico para o Oriente Médio sempre girou em torno da perspectiva dos árabes, e especificamente dos palestinos, mudarem sua postura e aceitarem a convivência de dois nacionalismos na região. (© Museu Judaico/RJ, http://www.museujudaico.org.br - http://www.beth-shalom.com.br)
sexta-feira, 3 de junho de 2011
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