sábado, 12 de dezembro de 2009

Mais sobre clima

Texto retirado do site www.uol.com.br
Mudanças climáticas
Aquecimento global: o homem precisa saber se relacionar com o fenômeno, diz pesquisador da UERJ
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O físico Antonio Carlos de Freitas, pesquisador do Laboratório de Radioecologia e Mudanças Globais da Universidade do Estado Rio de Janeiro (Laramg/UERJ), faz parte de uma equipe que acompanha as mudanças climáticas mundiais fazendo viagens com freqüência para a Antártida.

O grupo trabalha numa estação pertencente ao Brasil – denominada Estação Antártica Comandante Ferraz EACF -, mantida pelo Programa Antártico Brasileiro e que apóia várias atividades de pesquisa na Península Antártica. Os especialistas se alternam nas viagens e pesquisas de campo. No último inverno, os membros da equipe da UERJ que foram para o continente gelado tiveram uma surpresa: se depararam com uma temperatura de nada menos que 12 graus positivos.

A temperatura inusitada é, sem dúvida, um dos grandes sinais de que o mundo está passando por mudanças climáticas, sendo a mais importante delas o aquecimento global. Em meio a todo o alarde feito em relação a isso, no entanto, o pesquisador chama a atenção para um fato: o fenômeno é necessário para a Terra, até certo ponto. Se não fosse por ele, o planeta apresentaria uma temperatura média global 15 graus abaixo da que temos hoje. De uma certa forma, o efeito estufa e o aquecimento global servem, então, para viabilizar a vida na Terra. O que muda, destaca o físico, é a relação humana com esse processo. Ele aponta dois marcos dessa relação. O primeiro impacto causado veio com nossos ancestrais nas cavernas. Começaram a dominar o fogo e com isso geraram vários tipos de gases, provenientes das queimadas, aumentando progressivamente a concentração de dióxido de carbono na atmosfera, afirma, complementando que o segundo marco seria a Revolução Industrial, a partir da qual o homem teria passado a explorar cada vez mais os recursos naturais e também a descartar o resíduo de todo o processo industrial, indiscriminadamente, no meio ambiente. Como conseqüências disso vieram as grandes explosões demográficas, as concentrações nos grandes centros urbanos e por aí vai, analisa.

A questão do aquecimento, apesar de estar em destaque em todos os jornais e revistas ultimamente, não é, tampouco, nova. As mudanças climáticas tiveram início na formação do planeta, e a ciência acompanha essas alterações há muitos anos. No entanto, o processo de aquecimento se intensificou de 1995 para cá – dos 12 anos mais quentes registrados a partir de 1850, onze ocorreram depois de 95. Além disso, há ainda uma demora entre o tempo da descoberta científica e a sua divulgação na mídia. Falta também, segundo Freitas, uma análise mais intensa por parte dos meios de comunicação, que na opinião dele se concentram em cobrir eventos sobre o clima enquanto eles estão em andamento mas divulgam pouco as conclusões dos encontros. Ele cita o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) como exemplo disso. De qualquer forma, quanto mais os cientistas pesquisam, mais eles descobrem, e com isso naturalmente as considerações a respeito do aquecimento global têm aparecido cada vez mais na mídia.

O aquecimento global é o grande problema climático do planeta atualmente, mas não o único, já que dá origem a outras transformações no meio ambiente e no clima. Freitas – que também faz pesquisa fotográfica, registrando a biodiversidade ao fazer trabalhos de campo – aponta como conseqüências graves o desaparecimento de algumas espécies de animais, especialmente os anfíbios, que dependem tanto do ambiente aquático como do terrestre. Se estamos mudando a relação climática no mundo, esses ambientes sofrem. E, se sofrem tanto o aquático quanto o terrestre, os anfíbios sofrem duplamente, explica o pesquisador, que acrescenta ainda como outra conseqüência das alterações do clima a falta de uma sazonalidade, bem diferente de anos atrás, quando as características de cada estação eram bem marcadas.

As queimadas contribuem bastante para trazer problemas para o meio ambiente, à medida que eliminam um material que se mistura à atmosfera, e depois desce de uma forma sempre prejudicial à natureza. A chuva ácida e a chuva negra – fenômeno que costuma suceder explosões nucleares – são exemplos dessa devolução de dejetos através de fenômenos naturais. No entanto, esses detritos que caem em forma de chuvas podem atingir qualquer lugar, inclusive as regiões cobertas por gelo, o que representa uma ameaça significativa ao meio ambiente. Freitas já notou esse tipo de material depositado sobre o gelo, em suas viagens a trabalho. E alerta para o fato de que, como a cor branca das superfícies geladas do planeta contribui para refletir os raios solares, se um dia essas partes ficarem escuras, por estarem cobertas de poluentes, elas deixarão de ter essa importante capacidade. Ao se pensar que as queimadas podem ocorrer de forma natural e acidental, mas também costumam ser provocadas pelo homem, tem-se um bom exemplo de como pode ser a relação humana com o aquecimento global.

Irreversível, mas nem por isso motivo para descuido.

Assim como afirmou o IPCC, a situação gerada pelo aquecimento global é um processo irreversível. No entanto não se pode pensar que nada deve ser feito para mantê-lo sob controle. Apesar disso, Freitas destaca que, mesmo que fossem tomadas atitudes drásticas agora, os problemas climáticos não seriam resolvidos de forma imediata. Se o mundo parasse de emitir gases poluentes hoje, a normalidade da questão só poderia ser observada daqui alguns milhares de anos, afirma.

Algumas idéias que já foram divulgadas na mídia como sugestões para conter o aquecimento, como a colocação de trilhões de pequenos discos espelhados para desviar uma pequena porcentagem de raios solares, ou o armazenamento de oxigênio sob o solo, são consideradas próximas à ficção científica pelo pesquisador. Não acredito em soluções tecnológicas mirabolantes, acredito mais em soluções propriamente ambientais, afirma. Ele aponta como uma boa medida – e de custo mais baixo do que provavelmente uma solução com tecnologia tão avançada exigiria – o replantio de áreas desmatadas, que resultaria em uma nova cobertura vegetal para o planeta. Isso equilibraria o dióxido de carbono na atmosfera, levaria a uma diminuição do efeito estufa e, conseqüentemente, à redução de algumas conseqüências do aquecimento global.

Outras contribuições, simples e que poderiam partir de cada indivíduo, seriam a diminuição do consumo de água e de energia no dia-a-dia – o que seria feito, por exemplo, fechando-se uma torneira ao escovar os dentes ou usando-se um ferro ligado para passar várias roupas de uma vez no lugar de apenas uma. Dessa forma, conclui o pesquisador, haveria uma reeducação da população em relação ao cuidado e à preocupação com o ambiente.

Freitas afirma que a relação custo-benefício das energias renováveis ainda não está equilibrada e precisa ser estudada, mas que o mundo deve investir nessas formas de energia, menos prejudiciais ao meio ambiente, também como forma de conter o aquecimento global.

E, para os brasileiros que por vezes se consideram livres das conseqüências trazidas pela aceleração do aquecimento do planeta, o pesquisador faz um alerta, lembrando que o mito de que o Brasil é um país abençoado que está livre dos efeitos do aquecimento global é logo refutado quando se observa fenômenos como a violenta seca que atingiu o Amazonas no ano passado, e as fortes tempestades que atingiram o Sul do país. São conseqüências dessas mudanças, e mostram que essas coisas estão acontecendo perto da gente também, diz.

Escrito por: Camila Leporace

COMENTO:
Me parece que se cada um fizer sua parte faremos muito mais que os políticos reunidos dizem que farão.
Vamos economizar água e energia.É fácil.
Façam coleta seletiva de lixo.É fácil também e pode render um dinheiro para aplicar em outras ações de caridade.

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