Ruínas Romanas
Do blog de Luiz Felipe Lampreia
Transcrevo a seguir um interessante texto do jornalista italiano Maurizio Molinari, do respeitado jornal La Stampa, de Torino , publicado no dia 3 de março na revista Foreign Policy
(...) Como Kadafi conseguiu seduzir Roma tão completamente?
Primeiro, com uma chantagem histórica . Kadafi utilizou a memória do passado colonial e os crimes cometidos pelo regime fascista contra a população da Líbia para pedir intermináveis reparações.
Ele exigiu uma compensação para cada pedaço concebível do passado - de campos minados aos problemas de saúde sofridos pela população civil da Líbia.
O objetivo nunca foi para melhorar o bem-estar de seu povo, mas sim para ganhar cada vez mais vantagens e poder de negociação com Roma.
Em segundo lugar, Kadafi usou o petróleo do seu país, sua riqueza do gás natural e a dependência da Itália - para influenciar cada governo italiano no último meio século.Ao apresentar-se como o garante da estabilidade e das oportunidades econômicas, Kadafi recebeu apoio italiano para a sua permanência no cargo - algumas vezes literalmente.
Em 2008, segundo revelou o ex-ministro do Exterior da Itália, Giulio Andreotti, o primeiro-ministro italiano Bettino Craxi alertou-o para ataques aéreos dos EUA contra Tripoli, em 1986, o que provavelmente salvou sua vida.
E, como Kadafi manteve e explorou seus vínculos com o terrorismo durante os anos 1980 e início dos anos 90, o governo da Itália simplesmente acreditava que Kadafi era demasiado perigoso e instável para correr o risco de irritá-lo.
Finalmente, Kadafi jogou com o temor europeu da imigração ilegal. Durante a última década, a Líbia tornou-se um ponto de trânsito crucial para os africanos imigrantes tentando chegar às costas da Sicília.
Tripoli havia permitido a traficantes de seres humanos levar os migrantes através do Saara para o Mar Mediterrâneo, onde iriam a bordo de pequenos barcos para a Europa. Kadafi prometeu conter o fluxo de imigrantes em troca de melhores ofertas em quase tudo, de direitos de pesca no mar Mediterrâneo à cooperação militar.
No Tratado de Amizade, assinado em Benghazi, em agosto de 2008 - e ratificado pelo Parlamento italiano, em Fevereiro de 2009 – foram incluídos 5 bilhões de euros a título de “reparações coloniais " ,em troca de vaga promessa da Líbia de reduzir o número de barcos cheios de imigrantes ilegais.
Outro memorando de entendimento foi assinado em julho de 2009 pela qual a Autoridade de Investimento italiana permitiu à Líbia possuir dois por cento da Finmeccanica, - o segundo maior grupo industrial da Itália e um grande conglomerado nas áreas de defesa, aeroespacial, segurança, transporte e energia.
COMENTO:
Mais um pouco da velha Europa e seus acordos secretos.
Tudo é uma questão de negócios.
Evoluimos muito na tecnologia e nas ciencias mas moralmente ainda estamos muito atrasados.
Enquanto a ética e a moral forem coisas secundárias assistiremos acordos deste nível.
Por falar em Líbia, o que faz a LIGA ÁRABE?
segunda-feira, 7 de março de 2011
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